A enviada especial da ONU para os territórios palestinos, a italiana Francesca Albanese, alertou na segunda-feira que “a violência genocida de Israel” em Gaza corre o risco de se espalhar para a Cisjordânia.
O perito independente mandatado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da organização, acusou repetidamente Israel de genocídio contra os palestinianos em Gaza.
Numa nova declaração, Francesca Albanese sublinhou hoje que “a violência genocida de Israel ameaça espalhar-se para fora de Gaza e espalhar-se por todo o território palestiniano ocupado”.
“O apartheid israelita visa simultaneamente Gaza e a Cisjordânia como parte de um processo global de erradicação, substituição e expansão territorial”, alegou, citado pela Agence France-Presse (AFP).
Após o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deu início à guerra em Gaza, as forças israelitas intensificaram as suas já frequentes incursões na Cisjordânia ocupada e desde então mataram mais de 660 palestinianos em incidentes violentos com Israel, incluindo cerca de 150 menores. Segundo um relatório da agência Efe com dados dos serviços de saúde palestinianos.
Cerca de 490 mil dos 3 milhões de palestinianos vivem em colonatos israelitas na Cisjordânia.
Israel prosseguiu hoje as incursões militares na cidade e no campo de refugiados de Jenin, a norte da Cisjordânia ocupada, pelo sexto dia consecutivo, o que já causou cerca de 30 mortes, segundo autoridades palestinianas.
“As concessões há muito concedidas a Israel permitem a ‘despalestinização’ dos territórios ocupados, “deixando os palestinianos à mercê das forças que procuram eliminá-los como grupo nacional”, disse Albanese.
O enviado da ONU acredita que a comunidade internacional deve “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para acabar imediatamente com a ameaça de genocídio contra o povo palestiniano” e, “em última análise, acabar com a colonização do território palestiniano por Israel”.
O ataque sem precedentes do movimento islâmico palestino a Israel, em 7 de outubro, matou 1.205 pessoas do lado israelense, principalmente civis, segundo cálculos da AFP baseados em números oficiais. Das 251 pessoas raptadas durante o ataque, 97 ainda estão detidas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo exército.
Em retaliação, Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre em Gaza, matando pelo menos 40.786 pessoas até agora, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Segundo as Nações Unidas, a maioria dos mortos são mulheres e menores.
https://rr.sapo.pt/noticia/mundo/2024/09/03/relatora-da-onu-teme-violencia-genocida-de-israel-tambem-na-cisjordania/392166/?utm_medium=rss